O Governo de Moçambique recebeu esta semana uma doação de 3,5 milhões de doses de vacinas contra a cólera, oferecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no âmbito do Plano Nacional de Eliminação da Cólera (PNEC), coordenado pelo Ministério da Saúde (MISAU).
A iniciativa visa acelerar o controlo e a erradicação da doença até 2030, priorizando as províncias com maior incidência de casos, como Zambézia, Nampula, Sofala, Cabo Delgado e Niassa. Segundo o MISAU, a distribuição das vacinas será feita em duas fases, com enfoque nos distritos que apresentam surtos activos e risco elevado de transmissão.
De acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), Moçambique registou até Abril de 2025 um total de 2.851 casos de cólera e 29 mortes, enquanto um relatório da UNICEF indica que, entre Setembro de 2022 e Janeiro de 2023, foram notificados mais de 43 mil casos em várias províncias. Já a OMS confirma que em Fevereiro de 2023 o país contabilizava 5.237 casos suspeitos e 37 mortes, com surtos registados em 29 distritos de seis províncias.
OMS e apoio a Moçambique
A OMS reafirmou o seu compromisso em apoiar tecnicamente e logisticamente o país, sublinhando que a prevenção continua a ser o meio mais eficaz para salvar vidas e evitar emergências sanitárias. “Cada dose aplicada representa um passo importante para quebrar o ciclo de infecções que há anos afecta as comunidades moçambicanas”, destacou a representação da organização.
Paralelamente à campanha de vacinação, o Governo e os parceiros de saúde pública estão a reforçar as acções de melhoria do saneamento, acesso à água potável e mobilização comunitária, pilares considerados essenciais para garantir o impacto duradouro da imunização.
Segundo o Instituto Nacional de Saúde (INS), a estratégia nacional de eliminação da cólera prevê intervenções integradas nos 20 distritos de maior risco, com investimentos em sistemas de abastecimento de água e drenagem, acompanhados de campanhas de educação sanitária junto das comunidades locais.
A cólera, uma doença infecciosa de origem hídrica, tem registado surtos cíclicos em Moçambique, agravados pelas mudanças climáticas e pela vulnerabilidade infraestrutural. Desde o início de 2025, foram reportados centenas de novos casos nas províncias centro e norte, motivando campanhas de emergência e acções de contenção em parceria com a OMS, o UNICEF e a Cruz Vermelha de Moçambique.
Com esta nova remessa, Moçambique consolida o seu posicionamento entre os países africanos com estratégias activas e sustentáveis de eliminação da cólera, reforçando a prioridade do Governo em proteger vidas e promover saúde pública de qualidade para todos.





