O mais recente Relatório de Inclusão Financeira 2024, publicado pelo Banco de Moçambique, confirma um avanço sólido no acesso dos cidadãos aos serviços financeiros formais e digitais. Com a digitalização em rápida expansão e uma presença crescente de instituições financeiras, o país consolida-se como um dos líderes regionais na promoção de inclusão financeira sustentável.
Em 2024, Moçambique registou 356 785 pontos de acesso a serviços financeiros, um aumento de 37 % em relação ao ano anterior. Este crescimento expressivo foi impulsionado pela actuação dos agentes não bancários, sobretudo os operadores de moeda electrónica, como o M-Pesa, E-mola e Mkesh, que somam agora 315 005 agentes activos em todo o território nacional.
O número de terminais de pagamento electrónico (POS) também subiu de 30 208 para 35 486, ampliando a presença de meios de pagamento digitais no comércio e nos serviços públicos.
Mais moçambicanos com contas bancárias
O número de contas bancárias por cada 1000 adultos cresceu de 299 para 330, totalizando mais de 1,6 milhão de contas activas. O progresso é visível em todos os segmentos, com as mulheres a abrirem 37 500 novas contas e o Governo a garantir a bancarização total dos 241 169 pensionistas do Estado, que passaram a receber as suas pensões por via electrónica. Estes dados confirmam a consolidação da digitalização dos pagamentos públicos, um marco relevante na eficiência do sistema financeiro nacional.
Moeda electrónica lidera a transformação digital
A moeda electrónica continua a ser o principal motor da inclusão financeira no país. O número de contas móveis por cada 1000 adultos atingiu 1 093, o que significa que muitos moçambicanos possuem mais de uma conta digital. As mulheres tiveram um crescimento de 58 % neste segmento, e o volume total de transacções electrónicas ultrapassou 100 mil milhões de meticais em 2024: um valor recorde que traduz a crescente confiança da população nos serviços financeiros digitais.
Levantamentos e pagamentos representam 70 % das operações realizadas, confirmando que os serviços digitais já fazem parte do quotidiano de milhões de cidadãos.
O mercado de capitais registou uma capitalização equivalente a 30% do PIB nacional, ultrapassando as metas previstas e demonstrando o fortalecimento da economia formal. O número de investidores activos duplicou, atingindo 26 411. O microsseguro também cresceu 15,1 %, atingindo 604,9 milhões de meticais, com novos produtos voltados à protecção de famílias, microempresas e pequenos agricultores, reforçando a segurança financeira de segmentos vulneráveis.
Moeda electrónica lidera a transformação digital
A inclusão financeira chegou igualmente às comunidades rurais e grupos de base. Em 2024, 826 grupos comunitários de poupança e crédito (GPCR) foram integrados no sistema financeiro formal, envolvendo mais de 21 mil membros e movimentando 16,2 milhões de meticais em operações de crédito e poupança. Este resultado representa um passo decisivo para a integração das economias locais e para a consolidação de uma cultura de poupança sustentável.
Com o lançamento da nova Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2025–2031, Moçambique reafirma o seu compromisso de construir um sistema financeiro mais inclusivo, acessível e resiliente, priorizando a educação financeira digital, a protecção do consumidor e as finanças verdes. A meta é clara: garantir que nenhum cidadão fique fora do sistema financeiro formal, reforçando o papel de Moçambique como referência africana em inovação e inclusão.





