Mais de 500 mil moçambicanos já beneficiam de projectos de resiliência climática apoiados por mecanismos de seguro soberano e microfinanças, uma iniciativa que reforça a capacidade do país de responder de forma preventiva aos desastres naturais. Os dados foram partilhados durante o II Fórum Africano de Financiamento do Risco de Desastres Climáticos, realizado em Maputo, de 14 a 16 de Outubro de 2025, que reuniu delegações de mais de 20 países africanos e parceiros internacionais para discutir novas soluções de financiamento e adaptação climática.
Segundo o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Moçambique tem vindo a implementar o Projecto de Seguro Climático, Finanças e Resiliência (CLINFIREP) desde 2021, beneficiando directamente famílias e produtores rurais em distritos vulneráveis das províncias do sul do país.
O programa, desenvolvido em parceria com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA), inclui seguros soberanos contra secas, infra-estruturas de retenção e abastecimento de água, e fundos de microcrédito para pequenas actividades produtivas.
De acordo com o Vice-Presidente do INGD, Gabriel Belém Monteiro, os resultados são visíveis: “Mais de meio milhão de moçambicanos beneficiam hoje de projectos que fortalecem a resiliência das comunidades, permitindo uma resposta mais rápida e eficaz aos efeitos das mudanças climáticas.” Monteiro acrescentou que o modelo adoptado por Moçambique “prova que investir na prevenção é mais eficiente e menos dispendioso do que actuar apenas após o desastre”.
Seguros climáticos protegem finanças públicas e famílias
A Secretária Permanente do Ministério da Economia e Finanças, Albertina Fruquia Fumane, destacou que os seguros climáticos representam uma linha de defesa essencial para as finanças públicas e para a segurança social. “Estes instrumentos permitem ao Estado actuar de forma preventiva, reduzir perdas económicas e proteger o bem-estar das famílias”, afirmou.
A dirigente reafirmou o compromisso do Governo com o fortalecimento de mecanismos financeiros sustentáveis, integrados nas políticas de desenvolvimento económico e de adaptação climática, em conformidade com a Agenda 2063 da União Africana.
Moçambique em destaque na cooperação africana
Durante três dias, o fórum em Maputo serviu de espaço para partilha de experiências e inovação financeira, destacando o papel de Moçambique como referência continental na gestão de riscos climáticos e na criação de instrumentos de resiliência. Entre as recomendações saídas do encontro, figurou o reforço da cooperação regional e a mobilização de fundos de contingência africanos, que permitam uma resposta antecipada e coordenada a desastres.
Ao acolher o fórum, Moçambique consolidou a sua liderança africana em matéria de financiamento do risco climático, reforçando a visão de que a prevenção salva vidas e protege a economia, um caminho que já produz resultados concretos para mais de meio milhão de cidadãos.





