Moçambique alcança marco histórico: juros da dívida soberana cai para 11,09%, o mais baixo em três anos

Por Redacção Checka Moz.

Parte frontal da sede do Banco de Moçambique em Maputo.

Juros da dívida soberana descem para o valor mais baixo desde 2022, impulsionados pela retoma dos mega-projectos de gás natural e pela estabilidade económica.

Moçambique voltou a conquistar a confiança dos mercados internacionais. Os juros exigidos pelos investidores para transaccionarem a dívida pública do país com vencimento em 2031 desceram para 11,09%, o nível mais baixo desde 2022, segundo dados divulgados pela Bloomberg. A descida das taxas reflete uma crescente confiança na economia moçambicana e nas reformas de estabilidade macroeconómica implementadas pelo Governo.

De acordo com os analistas, o resultado positivo está directamente relacionado com a retoma dos mega-projectos de gás natural liquefeito (GNL) e a melhoria do ambiente de investimento no país.

A valorização dos títulos soberanos ocorreu após a TotalEnergies ter levantado a cláusula de “força maior”, que desde 2021 impedia o avanço do projecto Mozambique LNG, em Cabo Delgado.

Em paralelo, a Eni confirmou o investimento de 7,2 mil milhões de dólares (cerca de 456 mil milhões de meticais)para o projecto Coral Norte, que duplicará até 2028 a produção nacional de gás natural para sete milhões de toneladas anuais (mtpa).

Os títulos moçambicanos valorizaram-se 14 pontos base, caindo para 11,09%, sinal de maior procura e confiança dos investidores internacionais. Segundo a Bloomberg, o desempenho de Moçambique destaca-se entre os países africanos que mais reduziram o risco de financiamento em 2025.

Gás natural projeta Moçambique como potência energética

Moçambique tem actualmente três grandes mega-projectos de exploração de gás natural liquefeito (GNL) na Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, classificados entre as maiores reservas mundiais. Além da Eni e da TotalEnergies, a ExxonMobil deverá anunciar em breve a decisão final de investimento (FID) para o seu projecto de 18 mtpa em Afungi.

Um estudo da Deloitte (2024) estima que as reservas de GNL do país possam gerar receitas superiores a 100 mil milhões de dólares (mais de 6,3 biliões de meticais) nas próximas décadas.
Os novos investimentos consolidam o papel de Moçambique como fornecedor estratégico de energia para a África Austral e para o mercado global.

Economia estável e gestão prudente da dívida

A queda dos juros reflecte também a política fiscal responsável e a transparência na gestão da dívida públicaadoptadas pelo Governo. Economistas internacionais consideram que a recuperação da credibilidade financeira do país é resultado da melhoria da governação económica, da redução da inflação e do reforço das reservas cambiais pelo Banco de Moçambique.

O Presidente da República, Daniel Chapo, tem defendido uma diplomacia económica activa, orientada para atrair investimento directo estrangeiro e criar um ambiente favorável ao crescimento sustentável. Segundo analistas, os resultados começam a ser visíveis tanto nos mercados financeiros como na confiança das empresas multinacionais que operam no país.

Apesar dos desafios de segurança em algumas zonas do norte, as operações das Forças de Defesa e Segurança (FDS), em coordenação com parceiros regionais, têm permitido estabilizar Cabo Delgado e restabelecer a confiança nos investidores. A retoma dos grandes mega-projectos energéticos, aliada à credibilidade das instituições financeiras nacionais, coloca Moçambique num novo ciclo de estabilidade e crescimento económico.

Os mercados internacionais interpretam estes sinais como prova da resiliência económica e da liderança firme do país, factores que contribuem para reduzir o risco de financiamento e atrair capital estrangeiro.

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