A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) está a implementar um programa de reabilitação e modernização das suas infra-estruturas, com o objectivo de aumentar a capacidade de produção de energia e garantir a segurança do fornecimento ao país e à região da África Austral.
O investimento, enquadrado no programa CAPEX Vital, está alinhado à visão do Governo de Moçambique de fortalecer a segurança energética nacional e consolidar o país como fornecedor regional de energia limpa e fiável.
O programa, com duração de dez anos, foi desenhado após uma avaliação técnica que identificou riscos operacionais associados ao envelhecimento dos equipamentos da central, que já conta com cinco décadas de funcionamento.
Equipamentos antigos dão lugar à nova geração tecnológica
De acordo com José Munisse, Administrador Executivo da HCB responsável pelas áreas de produção, transporte e projectos de energia, o programa CAPEX Vital surge para garantir fiabilidade e longevidade à principal infra-estrutura energética do país.
“A HCB completou 50 anos e boa parte dos equipamentos tem quase esse tempo de vida. Isso coloca riscos operacionais que foram analisados e convertidos em projectos de investimento”, explicou Munisse.
A reabilitação incidirá sobre toda a cadeia de geração e transporte, desde a central hidroeléctrica até às subestações de Songo e Matambo.
Na central de produção serão reabilitados os cinco grupos geradores, com substituição de turbinas, alternadores e sistemas de controlo.
Na subestação de Songo, que assegura a conversão da corrente alterna em contínua para exportação de energia, serão substituídos transformadores, válvulas conversoras e equipamentos de controlo.
Já a subestação de Matambo será modernizada com novos sistemas e equipamentos.
Munisse revelou que parte das obras já está em execução, com destaque para a reabilitação dos transformadores da subestação de Songo, concluída recentemente. O processo global iniciou-se em 2022 e deverá terminar em 2032.
Mais eficiência e maior produção com o mesmo volume de água
Para a HCB, o impacto da modernização será sentido tanto na eficiência técnica como na capacidade de produção.
Com a introdução de novos equipamentos, a central passará a gerar entre 4% e 5% mais energia, o que representa um acréscimo de cerca de 90 megawatts à capacidade instalada actual.
O Director de Geração de Energia da HCB, Lucas Gune, explicou que a substituição de equipamentos envelhecidos trará ganhos operacionais expressivos.
“Os equipamentos actuais são dos anos 70 e já não têm peças disponíveis no mercado. Com os novos, teremos tecnologia moderna, custos de manutenção mais baixos e mais estabilidade na produção”, afirmou.
Central solar de 400 megawatts vai reforçar o fornecimento durante as obras
Durante a reabilitação, cada grupo gerador será temporariamente desligado. Para compensar essa redução de capacidade, a HCB prevê construir uma central solar fotovoltaica de 400 megawatts em Matambo, província de Tete.
Segundo Ana Mabjaua, Administradora Executiva da HCB responsável por projectos e recursos humanos, a central solar vai garantir a continuidade do fornecimento de energia durante a reabilitação e aumentar a capacidade instalada da empresa.
“Quando um grupo gerador sair de operação, a central solar vai suprir essa necessidade. Temos compromissos contratuais que devemos garantir e, ao mesmo tempo, estaremos a reforçar a nossa capacidade de produção”, explicou Mabjaua.
A chefe do Departamento de Engenharia, Ana Matsinhe, acrescenta que a energia da central solar fotovoltaica será canalizada para o mercado nacional, e o excedente fornecido à região da SADC.
“A energia hídrica é firme e a solar vem complementar, aproveitando as altas temperaturas de Tete. O desafio será garantir produção à noite, o que exigirá baterias de grande capacidade”, observou.
Rumo a uma HCB com o dobro da capacidade até 2034
Com a modernização da central e outros projectos em curso, a HCB prevê atingir cerca de 4.000 megawatts de capacidade instalada até 2034, quase o dobro da actual, situada em 2.075 megawatts.
Além da reabilitação da central sul, está em preparação a central norte, na margem oposta da barragem, com capacidade prevista de 1.245 megawatts.
“O nosso objectivo é garantir que Moçambique continue a ser um actor central na produção e exportação de energia limpa e sustentável na região”, afirmou Munisse.
Um investimento estratégico para o futuro energético do país
Mais do que um investimento técnico, o CAPEX Vital representa um compromisso de longo prazo. O projecto reforça a soberania energética, garante infra-estruturas modernas e resilientes e posiciona Moçambique como um parceiro regional de referência no fornecimento de energia eléctrica.





